quarta-feira, 27 de julho de 2011

COMPROMISSO DE AUTOR

Fragmentos de leitura de jornal, apenas.

Em frases de uma entrevista dada a jornal, no dia 24 de julho, Aleksandar Hemon,  escritor bósnio que mora nos EUA, diz sobre literatura: "A literatura se baseia no campo da experiência humana que é, simultaneamente, delimitado pelo banal e pelo sublime."


Em resposta a uma pergunta do jornalista Ubiratan Brasil sobre a possível obrigação moral com seus personagens e com seus leitores, ele diz: "Com os personagens, certamente, não - nada mais que um compositor teria com suas próprias notas. Com os leitores, haveria uma obrigação ética (mais que moral) se eles fossem um grupo definível, monolítico e estático.  Ou se o escritor fosse alguém que tivesse a certeza sobre como seria sua relação com o mundo antes de começar a escrever. A ética literária emerge durante o processo da escrita, bem como a ética da vida emerge no processo de viver."

ANIMAÇÃO E CRIAÇÃO

O Festival Internacional de Animação do Brasil, ou Anima Mundi, aconteceu em São Paulo e Rio de Janeiro, em julho, com exibiçao de curtas, médias e longas-metragens, seriados e comerciais. Trata-se de um festival de animação anual que movimenta um universo enorme de produtores e pessoas afeitas ao gênero.  Eu não fui assistir a nada. Pena.

Mas, fiquei me perguntando o que seria animação.  Fui consumidora de desenhos animados na época em que a televisão iniciava seu caminho. As sessões eram bem repetitivas mas, quem se importava com isso? Mickey, Pato Donald e o Pica-pau


Naquela época, tratava-se de "animação por célula" ou "animação desenhada à mão". O gato Félix foi lançado em 1919 e apareceu pela primeira vez na animação  Feline Follies ("Folias Felinas"). 


Como decorrência natural da tecnologia, esses desenhos animados da infância de muitas gerações se transformaram em animaçao digital. Com direito a contínuas inovações, pois é uma prática relacionada com a computação gráfica.  

Quem é o animador, o responsável pela criação das personagens que animam as histórias?

Uma matéria de jornal me indicou essa questão, quando contou a dificuldade de Carlos Saldanha (criador de A Era do gelo e Rio) para encontrar o animador que iria fazer o Blu dançar samba. Não foi o porto-riquenho, mas um lituano que conseguiu fazer a arara azul sambar no pé.  Assim também, o criador do Bob Esponja é uma pessoa tranqüila que ensinava biologia marinha para crianças. E o criador de Cowboy Bebop, um senhor japonês que em nada parece compatível com faroeste espacial. Nenhuma relação aparente entre o criador e a criação.   

Saldanha reflete: " O que inventamos é o que somos de verdade, não? Ou talvez sejamos mesmo "um personagem", como os atores são".

Tais personagens movimentam nosso mundo interno, nossas personagens e nossas histórias.

Esse universo maravilhoso, que tem tanto apelo infantil, fala mesmo de nossa natureza humana, dispondo imagens para sua representação.
    
        

terça-feira, 19 de julho de 2011

TECENDO A MANHÃ E O CONHECIMENTO

Neste último final de semana, participei de um evento na Escola Gaia de Astrologia, convivendo com amigos e aprendendo muitas coisas. Como a Astrológica de todos os anos, o espaço estava cheio de informação, disposição e alegria. 

A convite da organização fiz uma palestra no sábado, cuja pesquisa iniciou, no começo do ano, quando fiz a análise do filme Bravura Indômita, candidato ao Oscar 2011. A oportunidade da palestra de sábado me abriu janela para a continuidade do tema.

Acontece muito. Quando fazemos pesquisa, sempre temos sobras, pedaços de assunto, rabos de outros temas.Fui em frente, então, na busca de entender mais o gênero faroeste e os símbolos masculinos em relação ao mundo dos heróis em geral. Na observação do papel de palestrante.  

Essa experiência me deixa sempre à mercê de algumas surpresas que merecem indicação. Uma delas é a observação de um público que nunca é igual, tem respiração e corpo. É com ele que tenho que conversar e junto dele tenho que pulsar na voz e na velocidade com que expresso as informações. Sair dessa harmonia possível é fraudar o sucesso da comunicação. Nesse dia, ele estava atento e dialogava com os olhos e bocas.

Outro ponto é a troca de idéias com os participantes. Dúvidas e contribuições possíveis que alargam horizontes. Algo que eu pensei se conecta com algo que outros pensaram,trazendo novas informações.

Nesse dia, a partir de colocações feitas, houve ampliação de campo de pesquisa a partir dos dados da palestra.

Isso é rede de conhecimento. Um elo que se liga a outro e vai construindo algo maior do que todos os integrantes da rede. Como dizem os versos de João Cabral de Melo Neto, Tecendo a Manhã:


Um galo sozinho não tece uma manhã: 
ele precisará sempre de outros galos. 
De um que apanhe esse grito que ele 
e o lance a outro; de um outro galo 
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos 

que com muitos outros galos se cruzem 
os fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma teia tênue, 
se vá tecendo, entre todos os galos.


      

domingo, 10 de julho de 2011

O DESFILE/32 E AS FANFARRAS

        
Ontem, fui buscar uma amiga de Manaus, em parada estratégica por aqui, a caminho da Holanda (obrigada, Mônica). Na volta do aeroporto de Congonhas, passamos pelo Ibirapuera, palco de um desfile militar em comemoração da Revolução Constitucionalista de 32.  Confessei-lhe (timidamente) que gostava dessas paradas. Ela também e foi mais longe nas memórias, lembrando-se de um desfile em que as fanfarras das escolas de sua cidade estavam presentes. No calor do Amazonas, os alunos de esmeraram no som e nas roupas e gestual. Escorrendo por suas faces o suor e a alegria, seus sorrisos.

Relevante é, em casos como esses, o empenho pelo trabalho em conjunto, por algo maior. Por uma data? Por uma escola? Por uma cidade, estado ou país? Sim, haverá vaidades individuais. Mas, haverá também um professor, um instrutor, uma mentalidade de grupo sendo desenvolvida. Um valor sendo disseminado.

Manifestações como essas fazem falta nestes tempos de crise e de céu pesado. Fazem muita falta.

Ainda ontem, li, no jornal duas cartas de leitores a respeito da revolução, motivo da parada militar.  Uma contava com ênfase como  os paulistas "numa explosão de amor cívico ao Brasil" levantaram-se no intuito de restabelecer o regime democrático, que na época era subjugado (desde 1930). O tom era entusiasmado (obrigada, Antônio) assim como era o do outro leitor que falava da revolução como vitoriosa, embora outros brasileiros a identifiquem como "um movimento separatista derrotado".


Lembra ele que não foi derrotada, pois, ocorreu a convocação da Constituinte de 34, revogada em 37 por Getúlio Vargas(obrigada, Roberto). Bom, a discussão poderia ir muito mais longe. 

O que me interessa é a possibilidade que esses debates e manifestaçõs coletivas abrem em nossa rotina, podendo nos levar para outros níveis de percepção da realidade.

E também, como tais manifestações comemorativas grupais podem fazer a diferença entre os jovens, que estão necessitados de apoios, de valores. A violência, as drogas, a corrupção, a degeneração moral, tudo isso pode ser apenas motivo de um vazio a ser preenchido por algo que se tiver uma dimensão maior, fará a realidade mais fácil de ser levada.

       

segunda-feira, 4 de julho de 2011

MEMÓRIA DO CINEMA (E OUTRAS)

Em um país (ou época?) em que a memória é dita como perdida, há movimentos de resgate aqui e ali. É reeditada uma revista virtual que estava fora do ar há três anos.
Um artigo sobre a história das cinematecas. Há outros assuntos. Isso ocorre n´Os Cadernos Cedem, publicação eletrônica semestral do Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem). 

O artigo no link abaixo conta essa história. Informação para os cinéfilos no link abaixo:  
“Sex, Money, Social Climbing, Fantastic!” – A lógica cultural dos anos de chumbo no cone sul e a história das cinematecas (arquivos/ museus de cinema).   (por Fausto Correa Jr)