quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DANIEL, O QUE É ISSO?

Levei um susto quando do rádio do vizinho (uma curiosidade de se morar em casa!) ouvi a notícia do seu falecimento. Levantei de onde estava para tentar escutar um pouco mais. Não houve dúvida: um AVC fulminante.Senti-me muito mal.

Nos últimos anos, acostumara-me a ler sua coluna no jornal de domingo. Posso dizer que assisti a filmes em sua companhia, fui a galerias de arte, exposições de fotos, li livros por ele indicados. Na política, não tinha ideologia ou partido tomado. Aprendi muito com suas análises. 

E  num nível mais pessoal, acompanhei o falecimento de sua mãe e, junto dele, me diverti com seus filhos. Em certo dia, por seus olhos, enxerguei por uma janela uma paisagem de montanhas, em final de semana de descanso.

Jornalista de talento, foi cedo demais. Quarenta e um anos. Nem chegara ainda no ponto de maior amadurecimento de sua carreira. Dezessete livros publicados. Inteligência e bom senso.
      
Ficou na intenção, uma conversa entre nós. Em um texto dominical, ele fizera uma menção à astrologia, daquela forma muito comum de quem não conhece esse campo de conhecimento e o desconsidera. Nada deselegante, apenas ignorância da área. Pena, ele gostaria de saber sobre a beleza de uma noção do cosmos com sentidos míticos. Ele teria gostado de me ouvir.  

Vou sentir sua falta, Daniel.



"Muita gente pensa que arte é terapia, é confissão, é modo de ocupar os jovens com lazer em vez de deixá-los à mercê do crime. Não: artes e idéias são formas de intensificar a vida, de multiplicar nossas opções, de ir além da vidinha apoiada sobre as muletas emprego & família... Quando olho para meus livros, CDs e DVDs, penso: quanta coisa boa para (re)viver!"

"O conhecimento não é "virtude", no sentido de que não redime ninguém. Mas anima, dá prazer - e principalmente alternativa aos desprazeres. Não vejo valor inerente à ignorância. Vejo valor em não crer que haja sabedoria plena."