quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ASTROCAMP , ASSOCIAÇÃO DE ASTRÓLOGOS DE CAMPINAS E REGIÃO

“Naquela época não tínhamos internet. Só havia o curso
por correspondência na Regulus em SP.
Era longe.
 Resolvemos montar um grupo de astrologia em Campinas.”

ORIGEM

Rose Villanova quando se mudou para Campinas em 1984, quis fazer um curso de astrologia e não teve sorte ao buscar uma escola ou professor. Teve a indicação de Cecilia França, com entrou em contato.  Como ela ia para Campinas todas as semanas para fazer supervisão em psicologia analítica, área em também atuava, fez a proposta: se Rose montasse uma turma, ela daria aula de astrologia. 

Então, Rose mobilizou seus recursos pessoais. Espalhou cartazes pela cidade em casas de produtos naturais e esotéricas. Juntou dezesseis alunos. As aulas aconteceram em uma loja de produtos naturais no bairro Barão Geraldo chamada Cia do Campo. 

Era o segundo semestre de 86. Chegou a tornar-se sócia da dona da loja que acabou sendo depois ma espécie de quartel general do grupo. Logo conheceu Fernando Guimarães que em 1987 também começou a dar aulas para outra turma. Um grupo de estudo foi também formado por alunos de turmas anteriores.

Chegaram outras pessoas para dar aulas, como o professor Álvaro Schmidt Neto, que participara da Escola Júpiter juntamente com Olavo de Carvalho ou para dar e participar das palestras que ocorriam com regularidade. Entre os anos 87 e 88, outras turmas e níveis de conteúdo. O curso se expandia. 

Estava se aproximando o momento de aparecer uma organização mais formal. 

DAS REUNIÕES INFORMAIS AO ESTATUTO DE INSTITUIÇÃO

Os alunos dos vários professores (Cecília França, Fernando Guimarães e Álvaro Schmidt) continuaram a se reunir nas aulas e fora delas para estudar e discutir astrologia. 

Os participantes do grupo começaram a participar de congressos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Frequentaram alguns cursos com Adonis Saliba (Astrologia Eletiva), com Maurício Bernis (Astrologia Empresarial e Economica) e com Sérgio Mortari (Astrologia Médica). Rose Villanova também fez curso de Astrologia Preditiva com Waldir Fücher e depois no Rio com Otávio Azevedo de Astrocartografia. Fernando Guimarães apresentou ao grupo o astrólogo Darci Lopes que começou a vir a Campinas para dar palestras. 

Tantas atividades promoveu entusiasmo no grupo e a ideia de formar uma associação de astrólogos da região. Organizou-se, então, um Encontro de Astrologia de Campinas e Região que ocorreu em 13 de novembro de 1988. A pauta era: criação da Associação dos AACR – Associação dos Astrólogos de Campinas e Região; sugestões para trabalhos de grupos de estudo; elaboração de um boletim informativo. Esse foi o primeiro esboço do que seria a Astrocamp.

A partir daí, a associação foi sendo amadurecida. Em 30 de Setembro de 1990 às 9h45 minutos, ela foi registrada em cartório e na Receita Federal, com CGC e todas as formalidades de uma associação.

O advogado Guido Ivan de Carvalho, amigo do grupo, que a pedido da Maria Eugênia de Castro já tinha elaborado o estatuto da Sarj no Rio de Janeiro, colaborou nessa tarefa. Dalva Helena Tupinambá, advogada e astróloga, acompanhou esse processo jurídico junto a ele, eleito pelo grupo associado de honra.

Estavam presentes no ato da fundação César Moura, Alma A. Bacci Garcia, Dalva Tupinambá, Rose Villanova, Eduardo Moreno Marques, Yolanda Martinelli de Souza e Fernando Mattos Guimarães. Também participaram da instituição entre outros: Darci Lopes, Juarez Fausto Prestupa, Lilia Donadon, Bronislav Antonys Drabek, Sonia Regina Pequeno e Yolanda Martinelli.

ATIVIDADES DA ASSOCIAÇÃO

Havia boletins mensais e reuniões que ocupavam a tarde toda (contando com lanche compartilhado!). Nelas, os associados davam palestras que eram acompanhadas de discussão.

Além dessas reuniões, aconteceram também nove palestras, realizadas aos sábados mensalmente, com astrólogos convidados e especialistas de outras áreas de interesse (radiestesia e iridologia) realizadas em locais mais amplos com um público mais eclético e em maior número. O intercâmbio com astrólogos de São Paulo e outras cidades era grande.

Houve três eventos maiores com formato de congresso. O primeiro em Jaguariúna, no hotel Jaguari, a 26 de novembro de 1993 com pouco mais de cinquenta participantes. O segundo foi em um restaurante em Holambra. O terceiro em águas de São Pedro no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde nos dias 23, 24 e 25 de agosto de 1996. Antes desse terceiro encontro, Darci Lopes apresentou a Rose Villanova, Valdenir Benedetti que foi de grande ajuda na organização. Este último contou com mais de cem fichas de inscrição, o que é um número grande levando-se em conta ser um evento de astrologia em contexto regional.

Os convites eram enviados e alguns patrocínios conseguidos para as despesas do hotel. Às vezes, os participantes se cotizaram para bancar os palestrantes locais e convidados de outras localidades: Rose Villanova, Lidia Carmelli, Darci Lopes; Kika Magalhães; Henriete Fonseca, Paulo Granjeiro, Nezilda Passos, Hanna Opitz, André Peixoto, Elza Calder. Rui Sá foi palestrante em todos os eventos.

O estatuto instituía reuniões duas vezes por ano. Nelas eram definidas atividades e a realização de evento e/ou conferência. Houve até a eleição de um Conselho Consultivo. 

REPERCUSSÃO 

Desde os primeiros momentos, o grupo se preocupou em emprestar às atividades uma seriedade e compromisso formal. Assim desde os primeiros cursos, antes da formalização da instituição, havia um esquema saturnino de provas e exame. As reuniões do núcleo de estudos davam certificado para seus frequentadores. As reuniões da diretoria tinham atas de registro. A intenção era realizar encontros anuais. Os eventos contavam com questionários de avaliação para os participantes preencherem dando opinião, críticas e sugestões. E certificados de participação.

A última ata registrada é de 11 de novembro de 1994. O último evento da entidade, segundo ela, foi em 1996. Aos poucos, a Astrocamp foi perdendo a força inicial. Entre as primeiras reuniões informais até o final de funcionamento da instituição, foram pouco mais de seis anos de trabalho fora dos grandes centros em que normalmente as coisas acontecem.

As instituições têm um começo e, muitas vezes, um fim. São muitas as dificuldades para manter uma instituição funcionando. Resistências normais à realidade: inúmeras tarefas, problemas de verbas. Mas, podemos dimensionar a extensão de uma instituição pela seriedade e dimensão de suas ações. A história da Astrocamp mostra um esforço conjunto de seus membros, uma disposição para o estudo compromissado da astrologia que com certeza deixou sementes.

Em depoimento, Darci Lopes lembrou certa vez que ele também acreditou nesse ideal astrológico que foi sustentado por Rose Villanova e por Fernando Guimarães. Segundo ele, tal idealismo propiciou que a instituição acontecesse.

Rose Villanova foi secretária, tesoureira e até presidente da associação, talvez a gestão mais marcada por eventos de sucesso, segundo depoimentos de colegas. Ela foi a alma da instituição e juntou em torno de si parceiros de mesmas intenções.

Uma última observação: havia comemoração no Dia de Reis, o dia do Astrólogo. Com certeza, era um grupo que também se divertia muito!


AS IMAGENS: o logo da instituição, uma planilha de gastos, o folder de um evento, um mapa do Rio de Janeiro distribuído para estudo do grupo, um certificado de participação em evento e uma ficha de inscrição . 





sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O INFINITO E A MATEMÁTICA


Quando o infinito é o limite? Parece brincadeira, jogo de palavras, não é mesmo?  Mas um filme que conta a história do matemático indiano Ramanujan nos abre a possibilidade de que não haja limites para a natureza humana. Biografias têm sempre um certo charme, mesmo na hipótese de que haja aspectos fantasiados da narrativa.

O HOMEM E O INFINITO



O HOMEM, ESSE INFINITO é o nome do capítulo do livro O Despertar dos Mágicos, de Pauwels e Bergier, de muito sucesso nas décadas de 70 e 80. Nele, está incluída a história do matemático indiano Srinivasa Aiyangar  Ramanujan (Erode,1887 - Kumbakonam, 1920). A titulação é sugestiva: há infinitos possíveis na natureza humana e, por certo, na vida de Ramanujan essa presença é mais do que uma hipótese.

Nesse livro ele é apresentado por sua excepcional inteligência, identificada já na escola infantil, aos cinco anos de idade. Mas isso não facilitou seu caminho. Pelo contrário. Conseguiu desenvolver seus estudos mais por sua capacidade extraordinária do que por frequentar salas de aula o que ocorreu esporadicamente. Quando se casou, teve que buscar trabalho chegando a ser contador em Madras.

Mas seu espírito inquieto fez que ele entrasse em contato com o matemático inglês G. H. Hardy em Cambridge a quem envia 120 teoremas de geometria que acabara de demonstrar. Essa correspondência impressiona o professor inglês que o convida a ir a Cambridge.

Essa é também a história do filme que se passa antes da Primeira Guerra Mundial, dirigido por Matt Brown e estrelado por Dev Patel (Ramanujan) e Jeromy Irons (Hardy).  As cenas vão construindo as dificuldades por que passa o matemático indiano, proveniente de uma pequena cidade da índia, em contato com as diferenças de cultura e alimentação. A rejeição que sofreu por diferenças étnicas, situações de bullying. Foram cinco anos de esforço a fim de ver seu trabalho reconhecido. Isso aconteceu, mas lhe custou a saúde. Voltando a sua casa, falece um ano depois.

Todos os detalhes da narrativa nos emocionam. Seus esforços para conseguir cumprir as exigências do seu professor, suas conquistas e perdas. O contato difícil e acadêmico entre ele e Hardy ganha importância. Aos poucos um vai transformando o outro. Se Ramanujan consegue dar as provas que o mestre desejava para ratificar seu aluno perante a comunidade acadêmica, Hardy muda sua maneira de conceber a espiritualidade. Perceber que seu aluno era casado foi uma surpresa. Nesse momento ele percebeu sua distração em relação ao lado humano de Ramanujan. Quanto mais ele teria desconhecido de sua vida? Como ele tinha vivido um relacionamento que seria de amizade? Esse questionamento vem tarde quando sabe da doença avançada que acometera seu discípulo.

O contato entre os dois passa por momentos de embate. Mas acabam construindo um respeito mútuo chegando ao contato carinhoso. A humildade e educação do aluno ganham lugar perante a rigidez e ceticismo do professor.

A persistência e capacidade de Ramanujam tocam Hardy que se abre a uma nova noção de fé e possivelmente de Deus.

INFINITOS

Quanto de fantasia existe no filme? Quanto de invenção para ganhar o público? Ainda que seja um filme correto sem grandes ousadias, temos poesia nos diálogos e beleza ao nos serem apresentados os aspectos da cultura indiana. Cenas intensas como aquela em que Ramanujan se depara com a estátua de Newton. O peso da pedra faz-se símbolo e representação. Em busca de força? De motivação?

Mas, mais importante do que tudo isso talvez seja a busca da personagem central, em uma particular perspectiva da vida. Uma especial biografia.

Uma vocação é alimentada desde sempre e a cada situação. Mantida na persistência de um impulso interno. Abrindo caminho para alcançar o objetivo da expressão. Dando espaço a algo inevitável. Simplesmente ele sabia os números, os padrões de que é feita a natureza. Os resultados das equações chegam-lhe. Ele tem de agir nelas e através delas. Para ele, são a expressão do pensamento de Deus.

Essa percepção nos conduz a limites impensáveis mas possíveis da natureza humana. Raros e por isso mesmo inspiradores. Desse modo, desenhar nas pedras, no papel , na lousa é-lhe fundamental. Porque sim. Rastros de sua genialidade, da divindade que o habita.

Observamos a grandeza de um ser marcado por algo impossível de ser explicado. Um mistério inalcançável pelo exercício da mente. Ele é um explorador do infinito. Do mundo dos números que abrem o infinito à inteligência humana.

O infinito pode ser visto? Há pessoas que transitam por pequenos detalhes, há outras por universos de coisas grandes. Portas para infinitos. Para Ramanujam, os números, as equações são tais portais, uma linguagem que ele encontra dentro de si mesmo. Incomensurável.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

DE ASTROLOGIA, TECNOLOGIA E GRUPOS ESPECIAIS

Autoria: Ana González


Se tivermos certo tipo de atenção sobre relatos de memória, poderemos descobrir detalhes que podem surpreender por seus aspectos humanos e afetivos. Tais relatos ganham colorido.

Ao buscar as histórias dos programas Vega e Pegasus para cálculos astrológicos, descobri outras de que eu sequer suspeitava a existência. Assim descobri um grupo especial em torno da busca por novidades tecnológicas: alunos e um mestre. Como isso aconteceu?

Antonio Facciollo no início de sua carreira profissional, como todos os astrólogos daquela época, fazia os cálculos manualmente. Tábua de logaritmos, efemérides e outros apetrechos necessários, além de alguma capacidade matemática.

Preocupado com a precisão dos números, aceitou rapidamente as primeiras calculadoras, máquinas bem rudimentares nos anos de 1973/1974. E aberto ao contato com seus alunos percebeu logo interesses comuns. Todos desejavam os recursos tecnológicos que estavam chegando.

Assim como tinha acontecido entre os profissionais na época dos cálculos manuais, em que havia trocas de livros técnicos, equações e publicações estrangeiras, também na época do aparecimento de novas tecnologias, houve comunicação e partilha de novidades.  Eram disquetes, rotinas em tiras de papel, notícias, cópias piratas que passavam de mão em mão. 

Houve uma movimentação muito grande. Estava montado um cenário adequado à produção de conhecimento e realizações.

Ao entrevistar Antonio Facciolo, pouco tempo depois, pude confirmar algo de que eu já tinha tido indícios. Ele e seus alunos Amauri Magnana e Paulo de Tarso tinham formado um grupo muito especial, trabalhando por um objetivo comum. Eram possibilidades abertas que resolveriam as necessidades de todos.

 A curiosidade dos jovens foi acolhida pelo mestre. Eles tinham competências na área das matemáticas, puderam aproveitar o momento. Eles aprendiam e acompanhavam o entusiasmo do professor. Tornaram-se companheiros e amigos.

Enquanto isso, o caldeirão do conhecimento acontecia. Primeiramente as calculadoras simples, depois as programáveis e, por fim, os computadores pessoais. O professor indicava o caminho da astrologia. A adaptação para a linguagem tecnológica foi o trabalho dos jovens. Os programas que inicialmente eram distribuídos aos amigos, começaram a ser vendidos por insistência do professor.

Os jovens não pararam mais de produzir sempre buscando aperfeiçoamento e a inclusão de novos dados astrológicos.

Nas três entrevistas que eu realizei, apareceu a mesma narrativa de um clima de cooperação. Um brilho nos olhos do mestre ao relembrar esse encontro. O mesmo brilho dos olhos dos dois alunos.

Será que eu estou fazendo uma análise subjetiva? Por outro lado, talvez as três personagens envolvidas não tivessem noção do que acontecia. Porém suas vidas foram marcadas por aqueles acontecimentos.  Duas biografias foram direcionadas para a tecnologia a serviço da astrologia. Direcionadas para sua vocação.

Circunstâncias especiais mudam nossas vidas. Nesse caso, os dois alunos tiveram o privilégio de encontrar um mestre. O mestre exerceu seu Magistério.

Juntos, formaram um grupo muito especial em que uns resolviam as necessidades dos outros. Um encontro especial. Sorte deles. Sorte nossa.